«Yom HaShoah», Día do Holocausto

Non o esquezamos, hoxe é o «Yom HaShoah«, o «Día da memoria do Holocausto e da prevención dos crimes contra a humanidade», declarado así pola ONU como xornada en recordo das vítimas do exterminio nazi, no que morreron asasinados seis millóns de persoas. Celebramos o sesenta e tres aniversario da liberación por parte do Exército Vermello de Auschwitz-Birkenau, o campo de exterminio, concentración e traballos forzados máis grande construído polos nazis en Polonia durante a Segunda Guerra mundial. Tras o masacre de Gaza, é oportuno aproveitar esta xornada, sobre todo no ámbito educativo, para recordar a todas vítimas dos crimes sobre a humanidade e reafirmar os valores de igualdade, liberdade e dignidade de todos os seres humanos.

Vida para Palestina

No artigo da semana sintetizo a información que vimos publicando no blog dende hai dúas semanas sobre a o bloqueo e a invasión de Gaza.
No serán de onte participamos na manifestación de Vigo. Había máis de 5.000 persoas, o que constitúe unha cifra notable (aínda que non tanto como a de Londres). Moitos comentabamos que percibiamos unha certa desimplicación na mani dos dirixentes dos partidos institucionais de esquerda que só pensan na campaña.

Actualización (21:00): A manifestación de Madrid foi un grande éxito, un cuarto de millón de persoas.

Tempo de virtuosos, Gideon Levy

Vía Amálgama, transcribo a tradución do importante artigo de Gideon Levy publicado hoxe no xornal israelita Haaretz de Tel Aviv. Un texto que demostra que hai moitos xudeus nobles coa afouteza de erguer a voz contra os crimes do seu goberno (observar a longa lista de comentarios que recibe o artigo).

TEMPO DE VIRTUOSOS

Gideon Levy

Essa guerra, talvez mais que as anteriores, está expondo as veias profundas da sociedade de Israel. Racismo e ódio erguem a cabeça, a sede de vingança e de sangue. A “tendência do comando” no exército de Israel hoje é matar, “matar o mais possível”, nas palavras dos porta-vozes militares na televisão. E ainda que falassem dos combatentes do Hamas, ainda assim essa disposição seria sempre horrenda.

A fúria sem rédeas, a brutalidade é chamada de “exercitar a cautela”: o apavorante balanço do sangue derramado – 100 palestinos mortos para cada israelense morto é um fato que não está levantando qualquer discussão, como se Israel tivesse decidido que o sangue dos palestinenses valesse 100 vezes menos que o sangue dos israelenses, o que manifesta o inerente racismo da sociedade de Israel.

Direitistas, nacionalistas, chauvinistas e militaristas são o bom-tom da hora. Ninguém fale de humanidade e compaixão. Só na periferia ouvem-se vozes de protesto – desautorizadas, descartadas, em ostracismo e ignoradas pela imprensa -, vozes de um pequeno e bravo grupo de judeus e árabes.

Além disso tudo, soa também outra voz, a pior de todas. A voz dos cínicos e dos hipócritas. Meu colega Ari Shavit parece ser o seu mais eloquente porta-voz. Essa semana, Shavit escreveu neste jornal (“Israel deve dobrar, triplicar, quadruplicar a assistência médica em Gaza”- Haaretz, 7/1): “A ofensiva israelense em Gaza é justa (…). Só uma iniciativa imediata e generosa de socorro humanitário provará que, apesar da guerra brutal que nos foi imposta, nos lembramos de que há seres humanos do outro lado.”

Para Shavit, que defendeu a justeza dessa guerra e insistiu que Israel não poderia deixar-se derrotar, o custo moral não conta, como não conta o fato de que não há vitória possível em guerras injustas como essa. E, na mesma frase, atreve-se a falar dos “seres humanos do outro lado”.

Shavit pretende que Israel mate e mate e, depois, construa hospitais de campanha e mande remédios para os feridos? Ele sabe que uma guerra contra civis desarmados, talvez os seres mais desamparados do mundo, que não têm para onde fugir, é e sempre será vergonhosa. Mas essa gente sempre quer aparecer bem. Israel bombardeará prédios residenciais e depois tratará os feridos e mutilados em Ichilov; Israel meterá uns poucos refugiados nas escolas da ONU e depois tratará os aleijados em Beit Lewinstein. Israel assassinará e depois chorará no funeral. Israel cortará ao meio mulheres e crianças, como máquinas automáticas de matar e, ao mesmo, tempo falará de dignidade.

O problema é que nada disso jamais dará certo. Tudo isso é hipocrisia ultrajante, vergonhoso cinismo. Os que convocam em tom inflamado para mais e mais violência, sem considerar as consequências, são, de fato, os que mais se auto-enganam e os que mais traem Israel.

Não se pode ser bom e mau ao mesmo tempo. A única “pureza” de que cogitam é “matar terroristas para purificar Israel”, o que significa, apenas, semear tragédias cada vez maiores. O que está sendo feito em Gaza não é desastre natural, terremoto, inundação, calamidades em que Israel teria o dever e o direito de estender a mão aos flagelados, mandar equipes de resgate, como tanto gostamos de fazer. Toda a desgraça, todo o horror que há hoje em Gaza foi feito por mãos humanas – as mãos de Israel. Quem tem mãos sujas de sangue não pode oferecer ajuda. Nenhuma compaixão nasce da brutalidade.

Pois ainda há quem pretenda enganar todos todo o tempo. Matar e destruir indiscriminadamente e, ao mesmo tempo, fazer-se de bom, de justo, de homem de consciência limpa. Prosseguir na prática de crimes de guerra, sem a culpa que os acompanha sempre. É preciso ter sangue frio.

Quem justifica essa guerra justifica todos os crimes. Quem prega mais guerra e crê que haja justiça em assassinatos em massa perde o direito de falar de moralidade e humanidade. Não existe qualquer possibilidade de, ao mesmo tempo, assassinar e reabilitar aleijados. Esse tipo de atitude é a perfeita representação das duas caras de Israel, sempre alertas, ao mesmo tempo: praticar qualquer crime, mas, ao mesmo tempo, auto-absolver-se, sentir-se imaculado aos próprios olhos. Matar, demolir, espalhar fome e sangue, aprisionar, humilhar – e sentir-se bom, sentir-se justo (sem falar em não se sentir cínico). Dessa vez, os senhores da guerra não conseguirão dar-se esses luxos.

Quem justifique essa guerra justifica todos os crimes. Quem diz que se trata de guerra de defesa, prepare-se para suportar toda a responsabilidade moral pelas consequências do que faz e diz. Quem empurra os políticos e os militares para ainda mais guerra, saiba que carregará a marca de Cain estampada na testa, para sempre. Os que apóiam essa guerra, apóiam o horror.

* tradução: Caia Fittipaldi

Recomendo outros artigos de Amálgama, como este anticipatorio (publicado en 1978) de Gilles Deleuze sobre Palestina.

Gaza, resume da situación

Hoxe non entramos en interpretacións. Recollemos este seguimento infográfico que Moiz actualiza, a partir dos datos que proporciona a cobertura da BBC. Un estremecedor resume da situación.