Coa lingua na maleta

O especial Letras Galegas 2005 de Vieiros é lindo lindo. Aqueladiño de todo. Un orgullo para a web galega.

Día do libro infantil


Jagdish Joshi

Hoxe celebramos o día internacional do libro infantil, coincidente co bicentenario do nacemento de Andersen. A tradicional mensaxe do IBBY correspondeu á escritora india Manorama Jafa e o cartel ao ilustrador Jagdish Joshi.
Reproduzo a tradución realizada polo amigo Jose Antonio Gomes para a APPLIJ, Associaçao Portuguesa para a Promoçao do Livro Infantil e Juvenil.
O texto paga a pena lelo de vagariño.

Os livros são os meus olhos mágicos

Há muito, muito tempo, vivia na Índia antiga um rapaz chamado Kapil. Além de gostar muito de ler, era extremamente curioso. Tinha a cabeça cheia de perguntas. Por que motivo o Sol era redondo e por que mudava a Lua de forma? Por que cresciam tanto as árvores? E por que razão as estrelas não caíam do céu?Kapil procurava as respostas em livros de folha de palmeira escritos por homens sábios. E lia todos os livros que encontrava.Ora, um dia, estava Kapil ocupado a ler quando a mãe lhe deu um embrulho e disse: «Arruma o livro e leva esta comida ao teu pai. Já deve estar cheio de fome.»Kapil levantou-se com o livro na mão e fez-se ao caminho. Enquanto percorria o duro e acidentado trilho que atravessava a floresta, não parava de ler. De súbito, o seu pé bateu numa pedra. Tropeçou e caiu. E logo um dedo começou a sangrar. Kapil ergueu-se do chão e continuou a caminhar e a ler, com os olhos colados ao livro. Não tardou a bater noutra pedra e, uma vez mais, estatelou-se. Desta feita doeu-lhe mais, mas o texto escrito em folha de palmeira fê-lo esquecer as feridas.De repente, um clarão surgiu e ouviu-se um riso melodioso. Kapil levantou os olhos e deparou com uma formosa senhora, vestindo um sari branco. Ela sorria e uma auréola de luz rodeava-lhe a cabeça. Estava sentada num cisne branco e gracioso. Numa das mãos trazia um luminoso rolo de pergaminho. Com outras duas segurava um instrumento de cordas chamado veena. Estendeu a quarta mão para o rapaz e disse: «Meu filho, estou impressionada com a tua sede de conhecimento. Quero dar-te uma recompensa. Qual é o teu maior desejo?»Kapil pestanejou de espanto. Diante dele encontrava-se Saraswati, a Deusa do estudo. No instante seguinte, o rapaz cruzou as mãos, fez uma vénia e murmurou: «Por favor, Deusa, dá-me um segundo par de olhos para os pés, a fim de que eu possa ler enquanto caminho.»«Assim seja» – e a Deusa abençoou-o. Tocou na cabeça de Kapil e a seguir desapareceu entre as nuvens.Kapil olhou para baixo. Um segundo par de olhos brilhava-lhe nos pés e ele deu um salto de alegria. Logo a seguir, fixou os olhos no livro e desatou a caminhar pela floresta, apenas conduzido pelos seus pés.Graças ao amor pelos livros, Kapil cresceu e tornou-se um dos sábios mais ilustres da Índia. Em toda a parte era conhecido pela sua imensa sabedoria. Também lhe puseram outro nome, Chakshupad, que em sânscrito significa «aquele cujos pés têm olhos».Saraswati é a deusa do estudo e do saber, da música e da fala.Esta é uma antiga lenda indiana sobre um rapaz que descobriu como o saber é transmitido pelas palavras, essas palavras que os homens sábios escreviam em manuscritos de folhas de palmeira.Os livros são os nossos olhos mágicos. Dão-nos informação e conhecimentos e servem-nos de guias nos difíceis e acidentados caminhos da vida.

Almanaques agrícolas

Ripalda envioume o Almanaque Agrícola ZZ 2005 que publica a empresa multinacional suíza Syngenta. Con case toda seguridade este volumenciño de noventa e oito páxinas será o título con maior tiraxe da edición en galego deste ano (moitos milleiros de exemplares, asústame escribilo), aínda que non leve ISBN (trátase dunha publicación non venal) nin pé de imprenta (un erro que deberían subsanar os seus editores). Inclúe un fermoso traballo do noso investigador das fontes sobre o oficio dos arxinas (merecedor do premio ZZ 2004).
O ZZ (editado pola empreza Zeltia Agraria e as súas sucesoras) continúa a tradición que en 1857 iniciara O Gaiteiro de Lugo e que logo, desde os anos sesenta, continuara O Mintireiro Verdadeiro promovido polo crego José Regadío en Palas. Estes almanaques agricolas, que permitiron o uso continuado do galego (mesmo nos anos máis difíciles do franquismo) continúan tendo certa graza, algunhas veces certamente chocalleira, por que non abandonaron a súa intención literaria (a propia Rosalía chegou a publicar neles) nin a de promoción do folclore popular. Predicións, chistes, as lúas, as datas das feiras, consellos para o cultivo da vide, acompañan a outros textos de maior entidade literaria destes libriños en galego que nunca foron considerados como tales pola cultura “oficial”. Estes almanaques forman parte dese submundo da cultura en galego que non deberiamos esquecer que existe.